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O Sinal da Páscoa

Nós já consideramos que quando Deus provou Abraão e lhe pediu para oferecer o seu filho Isaque, aludiu ao sacrifício de Jesus, apontando o lugar onde Jesus ia morrer. Agora, vamos localizar-nos em cerca de 500 anos depois de Abraão e cerca de 1500 anos antes de Cristo. Depois de Abraão morrer, os descendentes do seu filho Isaque, agora Israelitas, tinham começado a ser uma grande população. Também, eles tinham ficado escravizados no Egito. Isso aconteceu porque José, o bisneto de Abraão, foi vendido como escravo para o Egito e depois a família dele seguiu-o.

O Enredo do Êxodo

Assim, aproximamo-nos dum enredo interessantíssimo que foi recordado por Moisés no livro Êxodo (foi chamado assim porque conta a história como Moisés conduziu os Israelitas para fora do Egito). Moisés foi enviado por Deus para confrontar o Faraó do Egito e isso resultou numa luta entre as duas vontades a de Moisés e a do Faraó, tendo resultado em nove pragas contra o Faraó até aquele tempo. Porém o Faraó ainda não concordava em permitir que os Israelitas se fossem embora e por isso Deus ordenara a décima praga devastadora. Toda a história sobre a décima praga está aqui e seria bom lê-la porque vai ajudar a entender a explicação seguinte.

A décima praga que foi ordenada por Deus, foi que todos os primogênitos morreriam naquela noite excepto aqueles que ficassem em casas onde um cordeiro tivesse sido sacrificado e o seu sangue tivesse sido esfregado nas duas ombreiras e na verga da porta. A perca de Faraó, no caso de não obedecer, seria o seu filho e herdeiro que morreria. Também, cada casa no Egito perderia o primogênito caso os seus habitantes não sacrificassem um cordeiro aplicando o sangue do cordeiro a volta da porta. Portanto o povo do Egito estava a enfrentar uma crise nacional.

Contudo, nas casas onde um cordeiro tivesse sido sacrificado e o sangue dele tivesse sido aplicado nas ombreiras a promessa era que tudo ia correr bem. A morte ia passar por cima daquelas casas. Segundo a Sociedade Bíblica do Brasil, a palavra “Páscoa” (em Hebraico, pesah) é associada com o verbo pasah, que significa “saltar” ou “passar por cima”. Portanto, este dia foi chamado “Páscoa” ou “A Passagem”.

 O Sinal da Páscoa – para quem?

Muitas pessoas que conhecem esta narrativa julgam que o sangue a volta da porta era o sinal para o Anjo da Morte, mas é de notar este detalhe interessante.

 Disse o Senhor a Moisés… ‘Eu sou o SENHOR. O sangue [do cordeiro] vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós , e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito.’ (Êxodo 12:13)

Apesar do SENHOR procurar o sangue à volta da porta, e ao ver isso, passasse por cima, o sangue não era um sinal para Ele. Ele diz claramente que, ‘o sangue vos será por sinal’. O sangue era um sinal para o povo. Também é um sinal para todos nós que lemos esta narrativa. Como? Depois deste acontecimento o Senhor ordenou-lhes:

Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. (Êxodo 12:14)

 O Notável Calendário da Páscoa

Nós vemos no princípio desta narrativa que este evento inaugurou o antigo calendário Judaico.

 Disse o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito: Este mês será o principal dos meses; será o primeiro mês do ano. (Êxodo 12:1-2)

Assim os Israelitas foram mandados começar um calendário que ia celebrar a Páscoa no mesmo dia em cada ano. O calendário Judaico é diferente do calendário ocidental; a data da Páscoa muda cada ano no calendário ocidental.

preparing for passover

Esta é uma cena moderna em que pessoas Judaicas estão a preparar-se para celebrar a Páscoa em memória da primeira Páscoa há 3500 anos.

Ainda hoje, 3500 anos depois, o povo Judeu continua a celebrar esta festa santa todos os anos, no mesmo dia no seu calendário, em memória do evento do Egito e por causa do mandamento que lhes foi dado naquela época.

Seguindo esta festa através da história podemos ver alguma coisa extraordinária. Pode-se notar isso no Evangelho onde estão registados os detalhes sobre a detenção e o julgamento de Jesus:

 Depois, levaram Jesus… para o pretório [a casa de Pilatos o governo Romano]… Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa…. [Pilatos disse para os líderes Judeus:] É costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus? …Então, gritaram todos, novamente: Não este… (João 18:28, 39-40)

A ligação entre a crucificação de Jesus e esta antiga festa Judaica está corroborada por escritos rabínicos no Talmude. Estes eram testemunhos hostis que não tinham motivos para concordar com os Evangelhos. No entanto, os escritos deles afirmam que:

 Jesus foi pendurado na véspera de Páscoa… (Sanhedrin 43a do Talmude Babilónico; citado em ‘Jesus and Christian Origins Outside the New Testament’. De FF Bruce. p56. 1974. pp215)

Portanto, Jesus foi preso e executado no dia da festa antiga dos Judeus a Páscoa. Mesmo na Páscoa, no dia quando os cordeiros são mortos em memória dos cordeiros que salvaram os primogénitos 1500 anos antes de Cristo! Então, lembra-se do Sinal do Sacrifício de Abraão, um dos títulos de Jesus era:

 No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (João 1:29)

Aqui nós vimos o enredo deste sinal. Jesus, o ‘Cordeiro de Deus’, foi crucificado (sacrificado) no mesmo dia quando todos os Judeus que viviam naquela época estavam também a sacrificar um cordeiro em memória da primeira Páscoa (A Passagem) no Egito que tinha iniciado o seu calendário. Isso explica porque há dois feriados que acontecem juntos todos os anos, uma ligação que poucos de nós notamos e mesmo poucos de nós questionamos. A Páscoa Cristã, que marca a morte de Jesus, acontece em cada ano quando a Festa Judaica da Páscoa acontece. Verifique no seu calendário. (Ambos os eventos acontecem na mesma semana mas nem sempre no mesmo dia porque Sexta-feira Santa foi marcada na sexta-feira desta semana, enquanto a Festa Judaica da Páscoa é sempre no dia 14 de Nissan. Portanto as festas podem ser separadas por vários dias.) Por isso a Páscoa Cristã muda todos os anos, porque a Páscoa Cristã acontece na Festa Judaica da Páscoa e esta Festa é marcada com o calendário Judaico que calcula o ano duma maneira diferente do calendário Gregoriano.

 Sinais, sinais, há sinais por todo o lado

Voltemos para a primeira Festa da Páscoa (A Passagem) no dia de Moisés quando o sangue era um sinal não para Deus mas para o povo. Pense um bocadinho sobre o que os sinais em geral fazem olhando para os sinais abaixo.

What are signs

Os sinais dirigem as nossas mentes para uma coisa particular.

Quando nós vimos uma caveira e ossos cruzados pensamos sobre morte e perigo. O ‘M amarelo’ fazem-nos pensar sobre o McDonald’s. O sinal na fita do jogador de ténis Nadal é o sinal de Nike. A Nike queria fazer-nos pensar sobre a empresa e os seus produtos quando nós vimos o marca. Por outras palavras, os sinais são símbolos para indicar alguma coisa à nossa mente além do sinal.

Então, a narrativa em Êxodo diz explicitamente que o sinal era para o povo, não para Deus, mas o sinal foi estabelecido por Deus. Ele foi o autor do sinal. Como todos os sinais, este sinal deve fazer-nos lembrar sobre alguma coisa. Deus queria lembrar-nos do quê?   Como os cordeiros foram mortos no mesmo dia da morte de Jesus e um dos nomes de Jesus era ‘o Cordeiro de Deus’, o sinal da narrativa deve ter estado a indicar o sacrifício de Jesus no futuro. Este sinal funciona na nossa mente tal como é mostrado no gráfico abaixo em relação a mim.

thinking of the passover sign

A Festa Judaica da Páscoa (ou a Passagem) e um sinal porque aponta para Jesus por causa do ‘timing’ especial que aconteceu com a Festa Judaica da Páscoa e com o crucificação de Jesus.

O sinal estava lá para me indicar a morte de Jesus. Na primeira Páscoa Judaica os cordeiros foram sacrificados e o seu sangue foi esfregado nas portas para que as pessoas pudessem viver. Portanto, este Sinal indicando Jesus conta-me que Ele, o Cordeiro de Deus, foi também oferecido e o seu sangue foi também derramado para que eu possa encontrar a vida.

Nós vimos no Sinal de Abraão que o lugar onde o carneiro morreu em vez de Isaque era o Monte Moriá, o mesmo lugar onde Jesus foi sacrificado muito mais tarde. O sinal na narrativa sobre Abraão e Isaque indicava o lugar onde Jesus ia morrer. A Festa Judaica da Páscoa indicava a morte de Jesus, e designava no calendário o dia exato da morte de Jesus! Nas duas narrativas um cordeiro foi sacrificado, mostrando que não foi só uma coincidência usada para indicar a morte de Jesus. A localização e o ‘timing’ da morte de Jesus foram previstos por dois dos acontecimentos mais importantes no Antigo Testamento. Eu não consigo pensar numa outra pessoa em toda a história que tivesse uma morte tão prevista duma maneira tão dramática. E você?

Olhando para estas duas narrativas juntas, os dois sinais devem mostrar-nos que há motivos razoáveis para considerar Jesus como a principal pedra angular num plano Divino, revelado muitos anos antes de Cristo quando os escravos dando início ao seu novo calendário, esfregando o sangue dum cordeiro a volta das suas portas.

Então, porque é que Deus colocou estes sinais para antever e prever a crucificação de Jesus? Porque é que este evento é tão importante? Porque é que aconteceram todas estas eventos sangrentos? Qual é a relevância destas coisas para mim? Para buscar as respostas para estas perguntas precisamos de começar no princípio da Bíblia para entender o que acontecia desde o princípio do tempo. Começaremos esta viagem até ao princípio no nosso artigo seguinte.

2 comentários em “O Sinal da Páscoa”

  1. Guilherme Garcia

    A narrativa dos fatos bíblicos relatados nas Santas Escrituras do antigo testamento foram muito bem explicados; bem como seus relacionamentos e ligações com o novo testamento. Um verdadeiro estudo bíblico, a respeito da Páscoa judaica e a Páscoa Cristã. Para mim, foi de grande valia, enriquecimento e fortalecimento de minha Fé.

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